Luiz
de Camões, “um mancebo pobre”, segundo relatório de um juiz ao
abreviar sua sentença por brigas em butiquim, mas relacionado,
principalmente com a corte de D. João III. Suas relações amorosas
na corte, em especial com a subrinha do rei, lhe provoca ao envio
para Celta, Africa, contra os mouros, perdendo o olho esquerdo em
batalha. Estas aventuras, dão espiração para inúmeras obras, e
uma destas, tratada neste texto.
Amor é fogo que arde sem se ver Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Entendo que Camões se equivocou
ao qualificar o amor como um sentimento de dor, descontentamento,
solidão, prisão, servidão, ser fiel a quem é traissueiro... pois
trata de atos que restringem as relações interpessoais aumentando a
competição entre os indivíduos. Estas emoções, transcritas pelo
autor, são de estremo desconforto para aqueles que as sentem e
quando não são correspondidos pelo mesmo sentimento acabam
evidenciando emoções negativas como ciúmes, inveja, rancor,
agonia, depressão... A paixão, por outro lado, esta mais afim aos
sentimentos exposto por Camões, pois trata-se de uma emoção
possessiva em que qualifica o outro como sua propriedade. Em nome da
paixão não correspondida homens e mulheres motivados por rancor ou
ciúmes foram responsáveis por homicídios, agressões morais e
físicas alimentando a sensação de insegurança no seio familiar e
outras relações. Portanto, “o
amor é longânime e benigno. O amor não é ciumento, não se gaba,
não se enfuna, não se comporta indecentemente, não procura os seus
próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o
dano. Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade.
Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as
coisas, persevera em todas as coisas.” (1ªCorin. 13:4-7)
Esta capacidade de se solidarizar com o outro tornou nossa espécie
infinitamente mais superiora em relação à outros animais. Passamos
a viver em grupo; a nos comunicar e a sentir empatia. Todo o ser
humano inapto para compartilhar esta habilidade, o sociopata, passou
a ser descartado, excluído da vida social. Desta forma,
Se
eu falar em línguas de homens e de anjos, mas não tiver amor,
tenho-me tornado um [pedaço de] latão que ressoa ou um címbalo que
retine. E se eu tiver o dom de profetizar e estiver familiarizado com
todos os segredos sagrados e com todo o conhecimento, e se eu tiver
toda a fé, de modo a transplantar montanhas, mas não tiver amor,
nada sou. E se eu der todos os meus bens para alimentar os outros, e
se eu entregar o meu corpo, para jactar-me, mas não tiver amor, de
nada me aproveita.(1ªCorin. 13:1-3)
Por tanto, os
sentimentos transcritos pelo autor deste emocionante soneto, estão
mais relacionado com sensações típicas de alguém preocupado em
satisfazer suas anciedades e preocupações do que a solidarização
com o ser semelhante. Isto posto, a palavra adequadamente
substituivel para o melhor esclarecimento certamente é a paixão.
Referências Bibliográficas:
Monte Castelo, Legião Urbana
Referências Bibliográficas:
Monte Castelo, Legião Urbana
Postado em
gravataiagonizza.criarumblog.com 28/08/11 de mesmo autor, Edgar
Dornelles.
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