50 anos da Legalidade e
a omissão dos meios de divulgação sobre o tema
No dia 27 de setembro
deste ano se comemorou o quinquagésimo aniversário do movimento
pela legalidade que foi responsável pela resistência ao golpe
militar fracassado de 1961 encabeçado por alguns setores da elite
militar. Tal episódio, a comemoração, teve pouca ou nenhuma
repercussão nacional. Lamentável, pois se trata de um acontecimento
que não só envolveu o País em nome da legalidade, ou quer dizer,
que a Constituição seja respeitada ao reconhecer a sucessão do
vice-presidente João Goulart; que foi eleito por voto direto e se
encontrava em pleno exercício de suas funções como também
envolvendo camadas distintas da sociedade em nome de uma única
causa, o cumprimento de uma lei, algo não registrado até aquele
momento, na América Latina.
No dia 24 de agosto de
1961 Gov. Lacerda em uma emissora de TV, acusa o Pres. J. Quadros de
convida-lo a dar um golpe no sistema democrático. No dia seguinte,
alegando haver “forças coutas” que impedem sua governabilidade o
Pres. Quadros renuncia, talvez em decorrência da repercussão
negativa da calúnia do Gov. da Guanabara, não se sabe ao certo.
Conforme a Constituição 1946, então, em qualquer situação que
impossibilite do presidente governar é empossado o vice-presidente.
Como o Vice-Presidente se encontrava em viagens diplomáticas à
China os ministros militares põe em vigor o estado de sítio
nomeando o Pres. Da Câmara Federal Ranieri Mazzili e ameaçam
derrubar o avião do Vice-Pres. Golart, caso voltasse ao Brasil.
Apesar do Jango não
ter ligações com partidos comunistas era rotulado como esquerdista
em decorrência de inúmeras políticas para diminuir as
desigualdades que defendeu desde a época que fora ministro do
trabalho do Pres. Vargas.
O Governador Leonel
Brizola, Rio Grande do Sul, toma conhecimento e começa a entrar em
contato com diversas personalidades militares inclusive com General
Costa e Silva, em uma discussão forte, Brizola se posiciona pela
Legalidade. Põe em alerta máximo a Brigada Militar; reúne
secretários e arma simpatizantes da Legalidade. Entra em contato com
a rádio Guaíba, a única que não teve seus aparelhos radiofônicos
lacrados pelo exército e o transforma em rádio estatal, juntamente
com outros profissionais de outras rádios de POA, passam a colaborar
pela legalidade. Com isto, nos porões do palácio Piratini, é
transmitida a rádio da Legalidade. Tal ação, ganhou proporções
gigantescas, sendo retransmitida para 104 emissoras de rádios no
Brasil, Argentina, Uruguai, países europeus e Ásia ao vivo via
telefone. Além do Rio Grande do Sul e do Estado de Goias teve
simpatizantes argentinos, em Corrientes, se disponibilizando para
resistir em favor da Legalidade.
O Governador de Goias,
em 1961, o tenente-coronel do Exército Mauro Borges tomou
conhecimento do episódio quando se encontrava em São Paulo em uma
conferência da Liga de Defesa Nacional e se dirigiu as pressas ao
seu estado, ordenando ao secretário da segurança a preparação de
sua chegada. De imediato apoiou e se aliou ao marechal Teichera Lott
em nome da defesa da legalidade. Quando soube do posicionamento do
Gov. Brizola passou a utilizar um avião para fazer a comunicação
entre os dois estados com informações. Além do Rio Grande do Sul e
Goias outros estados como Piauí, com Chagas Rodrigues; do Paraná,
com Ney Braga; da Bahia com Juracy Magalhães; e Paraíba Pedro
Godim, aderiram ao movimento.
Os ministros militares
decidem aniquilar o foco de resistência ordenando o III Exercito a
Porto Alegre e chegando lá o general Machado Lopez se depara com os
revoltosos, comove-se e adere ao movimento. Os ministros militares
ordenam que a base aérea de Canoas bombardeasse o palácio Piratini
e neste mesmo momento é surpreendida por uma insurreição de
dentro, os sargentos e outro praças tomaram o poder e permitiram a
ocupação do III Exército em favor da Legalidade. Os ministros
militares convocam diversos batalhões em vários Estados brasileiros
e todos se negaram a ter que aniquilar os revoltosos. Não tendo
outra opção é reconhecida a posse do Vice-Pres. Goulart com tanto
que fosse exerce-la na forma parlamentar.
Os ministros militares
ficaram pasmos com tal movimento da sociedade que não ocorreu
somente no Rio Grande do Sul e Goias mas diversas emissoras de rádio
espalhadas pelo Brasil, Argentina, Europa e Ásia e outras entidades
não governamentais aderiram em favor da legalidade. E apesar de tudo
isto, os meios de comunicações como Blog's, sites, jornais e livros
de história do Brasil tem menosprezado e até mesmo alterando
acontecimentos do movimento para atender seus interesses
particulares.
- Meios de comunicação como o Brasil Recente de Carlos Fico que tem como principal assunto os acontecimentos que deu origem ao golpe 64 não abordaram o episódio.
- Historia do Brasil uma interpretação de Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota, Editora Senac SP com mais de mil paginas sobre a história do Brasil concede um paragrafo para menciona-la.
- Os sites Cultura Brasileira do Jornal do Brasil e militar.com.br de autor desconhecido qualificam o movimento como corrupto e comunista pois, segundo estes, um movimento que visava tentar provocar um golpe no sistema democrático.Por que o Movimento da Legalidade é tão pouco lembrado?
Referências
Bibliográficas:
Apoiam ao golpe 64:
militar.com.br; culturabrasileira.org do Jornal do Brasil
Ignoram a importancia
da Legalidade:Blog professoreduardolima.blogspot.com;
antinovaordemmundial.com; brasilrecente.com.br;
blogdoivaldoshow.blogspot.com; A Extraordinária História do Brasil
- Universo dos Livros; História do Brasil uma interpretação -
Senac-SP; Jornal Nacional – Rede Globo.
Abordam o assunto
Legalidade: historianet.com.br; legalidade50anos.blogspot.com;
sul21.com.br; rsurgente.opsblog.com
Postado em
gravataiagonizza.criarumblog.com 19/08/11 de mesmo autor, Edgar
Dornelles.
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