Publicado na Revista
Ciência Hoje em 16 de junho de 2011 e atualizado em 20 de março de
2012 com o título “Pedagogia do Constrangimento” e lembrado no
Café Historia recentemente, José Roberto Pinto Góes, professor da
UFRJ faz criticas ferozes sobre a obrigatoriedade do ensino de
história da África.
Segundo este, a
intenção da lei é apena reparativa em decorrência dos males
causado ao negro e que sua pré-tenção não é aprender história
da África e sim de criar uma identidade social entre estes, referindo-se a esta lei como um equívoco e que o Ministério de Educação deveria se ocupar em melhorar a escola sem olhar para a cor das pessoas.
Mas qual é a função
da disciplina de história no ensino básico e médio? É apenas dar
a oportunidade para os alunos saberem qualquer coisa do passado?
No Brasil, é dada
grande ênfase na história europeia, com a justificativa pífia de
sua influência cultural, econômica e social e ignora a África em
decorrência de sua insignificância. Se é lecionada a Idade Média
europeia a exaustão, sendo que esta se amedrontava com a ocupação
africana da península Ibérica; dos ataque frenéticos da costa
francesa vindos do sul e da fuga desesperada de Papas de sua santa
sede ocupada por mouros.
A função da
disciplina é criar uma ideia de pertencimento.
Uma nação não
sobrevive sem uma história. Os ciganos e judeus sobreviveram
milênios sem chão porque os mais velhos ou mais sabedores
ministravam história de seus antepassados aos mais jovens.
Resistiram aos cristãos, muçulmanos e nazistas não tanto pela
promessa do paraíso, mas pela necessidade de inclusão nacional.
Um povo conhecedor de
seu passado, de sua identidade, cuida da sua cidade, cuida do seu
igual, mas ignora o estrangeiro, inibindo qualquer ocupação
imperialista.
O brasileiro, por outro
lado, que antes de sua “independência” significava
contrabandista de pau-brasil, uma ofensa, diga-se de passagem, ama o
estrangeiro e odeia seu igual. Isto se deve, em grande parte, a uma
carência de identificação social. Poderia, desta forma, ser resolvida
se houvesse uma maior atenção da disciplina em cada região na
regionalização de sua história e gradativamente diminuindo sua
intensificação, nacional, continental e mundial. E a lei de 2003,
da obrigatoriedade do ensino de história da África, tem esta
intenção, nutrir um povo com informações de suas origens para
construir uma identidade e rejeitar qualquer apoderamento de sua
sociedade.
Existe duas opções
para entender este equívoco deste professor: a primeira é que ainda
não compreendeu o real significado do ensino de história no básico
e no médio; a segunda, mais preocupante, é que talvez este
historiador esteja constrangido em ter que ministrar história da
África, da Idade Moderna e Contemporânea explorada por brancos que
destruíram sua identidade e roubaram sua história para uma possível
meia dúzia de negros de sua turma. Espera-se que seja a primeira!
Será que professores dos municípios do entorno do Gravataí compactuam com mesmos ideais?
Será que professores dos municípios do entorno do Gravataí compactuam com mesmos ideais?