segunda-feira, 18 de junho de 2012

Constrangimento da Pedagogia


Publicado na Revista Ciência Hoje em 16 de junho de 2011 e atualizado em 20 de março de 2012 com o título “Pedagogia do Constrangimento” e lembrado no Café Historia recentemente, José Roberto Pinto Góes, professor da UFRJ faz criticas ferozes sobre a obrigatoriedade do ensino de história da África.
Segundo este, a intenção da lei é apena reparativa em decorrência dos males causado ao negro e que sua pré-tenção não é aprender história da África e sim de criar uma identidade social entre estes, referindo-se a esta lei como um equívoco e que o Ministério de Educação deveria se ocupar em melhorar a escola sem olhar para a cor das pessoas.
Mas qual é a função da disciplina de história no ensino básico e médio? É apenas dar a oportunidade para os alunos saberem qualquer coisa do passado?
No Brasil, é dada grande ênfase na história europeia, com a justificativa pífia de sua influência cultural, econômica e social e ignora a África em decorrência de sua insignificância. Se é lecionada a Idade Média europeia a exaustão, sendo que esta se amedrontava com a ocupação africana da península Ibérica; dos ataque frenéticos da costa francesa vindos do sul e da fuga desesperada de Papas de sua santa sede ocupada por mouros.
A função da disciplina é criar uma ideia de pertencimento.
Uma nação não sobrevive sem uma história. Os ciganos e judeus sobreviveram milênios sem chão porque os mais velhos ou mais sabedores ministravam história de seus antepassados aos mais jovens. Resistiram aos cristãos, muçulmanos e nazistas não tanto pela promessa do paraíso, mas pela necessidade de inclusão nacional.
Um povo conhecedor de seu passado, de sua identidade, cuida da sua cidade, cuida do seu igual, mas ignora o estrangeiro, inibindo qualquer ocupação imperialista.
O brasileiro, por outro lado, que antes de sua “independência” significava contrabandista de pau-brasil, uma ofensa, diga-se de passagem, ama o estrangeiro e odeia seu igual. Isto se deve, em grande parte, a uma carência de identificação social. Poderia, desta forma, ser resolvida se houvesse uma maior atenção da disciplina em cada região na regionalização de sua história e gradativamente diminuindo sua intensificação, nacional, continental e mundial. E a lei de 2003, da obrigatoriedade do ensino de história da África, tem esta intenção, nutrir um povo com informações de suas origens para construir uma identidade e rejeitar qualquer apoderamento de sua sociedade.
Existe duas opções para entender este equívoco deste professor: a primeira é que ainda não compreendeu o real significado do ensino de história no básico e no médio; a segunda, mais preocupante, é que talvez este historiador esteja constrangido em ter que ministrar história da África, da Idade Moderna e Contemporânea explorada por brancos que destruíram sua identidade e roubaram sua história para uma possível meia dúzia de negros de sua turma. Espera-se que seja a primeira!
Será que professores dos municípios do entorno do Gravataí compactuam com mesmos ideais?

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